14.6.13

Alunos da UnB criam sistema que avalia a qualidade do ar pelo celular


A ferramenta permitirá não só o acesso à situação do ar em diferentes pontos da cidade como o compartilhamento a informação com outras pessoas

Imagine que você está no trânsito e quer descobrir qual é a via menos poluída para trafegar e, assim, poupar sua saúde. Ou que, na hora de comprar uma casa, deseje verificar se a qualidade do ar naquele bairro é boa. Em breve, esse tipo de consulta poderá ser feito com a ajuda de um simples aplicativo de celular. A ferramenta, criada por estudantes da Universidade de Brasília (UnB), em parceria com empresas privadas, permitirá não só o acesso à situação do ar em diferentes pontos da cidade como o compartilhamento a informação com outras pessoas. O invento, acreditam os autores, pode beneficiar ao mesmo tempo a natureza e a saúde da população.

A ideia de criar uma ferramenta que pudesse mostrar os níveis de gases nocivos no ambiente surgiu em 2008, quando o professor Paulo Saldiva, médico especialista em poluição atmosférica da Universidade de São Paulo (USP), buscou parceiros no Distrito Federal para elaborar novas formas de analisar a qualidade do ar. Erick Kill aceitou o desafio. Durante o mestrado no Instituto de Geociências da UnB, ele desenvolveu um pequeno conjunto de sensores que mede a quantidade de gases prejudiciais à saúde em determinado lugar. “O sistema faz a leitura dos gases previstos na Resolução Conama 3, que dita a regulação geral dos padrões de qualidade do ar. O aparelho mostra a quantidade de gases considerados nocivos. Esses dados são armazenados e transmitidos via smartphone, usando uma rede sem fio”, explica Erick Kill.

Assista ao vídeo da reportagem clique aqui

Fonte: Correio Braziliense

11.6.13

Projeto de faculdade particular reforma computadores para serem doados


Uma iniciativa bem-sucedida é o projeto E-lixo, desenvolvido há quatro anos como uma extensão dos cursos de tecnologia por alunos e professores da Universidade Católica de Brasília. Graças a esse programa, os computadores obsoletos ou com defeito são reformados. Ganham peças funcionais e novos softwares. Em seguida, são doados para instituições cadastradas na universidade.

A última beneficiada foi uma creche do Varjão. Além da doação e do conserto de máquinas, os alunos ensinam as pessoas a mexerem nos equipamentos e promovem oficinas de 20 e 80 horas na Católica, com o intuito de aproximar aqueles que detêm conhecimento e aqueles que precisam dele.

“Percebemos que aluno aprende bem mais, executa o trabalho de montar, interage com a comunidade, ensina lá e percebe questões técnicas do que dá certo e o que não dá. A comunidade também se sente incluída”, explica a professora Janete Cardoso dos Santos, 44 anos, diretora de Programas de Extensão da Católica. “Em relação às oficinas, tivemos um resultado muito positivo. Recebemos jovens que adquiriram noção básica e as ferramentas necessárias para angariar algo no mercado de trabalho mais tarde. Temos lista de espera enorme da comunidade interessada em fazer curso”, completa.

Marcelo Nascimento Silva Franco, 21 anos, estudante de engenharia ambiental, faz parte do projeto há um ano e meio. No segundo semestre de 2012, ele participou da entrega na creche do Varjão. “A experiência de ver o sorriso da criança, de vê-la mexendo no computador é maravilhosa. Muitas não têm essa oportunidade”, avalia. “Descobri que é possível a gente dar uma destinação correta para o lixo eletrônico”, acrescenta.

O jovem chegou ao curso sem muita experiência e aprendeu a montar um computador do zero. Teve de decorar as peças existentes na máquina . “No início, eu senti dificuldade por só ter tido curso de informática no ensino médio”, lembra. "Um colega meu desmontou um HD e aí a gente apresentou aqui o trabalho. As pessoas não acreditavam o tanto de peça que tinha no HD e eu tive que aprender tudo isso”, completa. Marcelo também levou conhecimento adiante e ensinou senhoras, em oficinas, a usar a internet, a criar uma conta de e-mail e até a fazer perfil no Facebook. “É muito gratificante, você vê que as pessoas querem aprender, só não sabem muito como”, conclui.

Fonte: Ser Sustentável - Correio Braziliense

SLU lança edital para construção de novo aterro em Brasília/DF

O Serviço de Limpeza Urbana do Distrito Federal (SLU) divulgou o edital para contratação da empresa que irá implantar, operar e realizar a manutenção do Aterro Sanitário Oeste, em Samambaia, com a capacidade de receber em média 68 mil toneladas de resíduos por mês.

Segundo o Aviso de Concorrência, divulgado na última sexta-feira (7/6), a entrega dos envelopes será a partir das 9:30 do dia 16 de julho.

A empresa vencedora também será responsável pela elaboração do projeto executivo da Etapa 2 do aterro.

O edital já está disponível: clique aqui

Concorrência n.º 001/2013 
Processo 094.000.649/2013 

Objeto: Contratação de empresa especializada para prestação de serviços de implantação, operação e manutenção do Aterro Sanitário Oeste, localizado na Região Administrativa de Samambaia, compreendendo, dentre outras, as atividades de aterramento, espalhamento, compactação e cobertura dos resíduos sólidos de quantidade média mensal estimada de 68.000 toneladas e confecção do projeto executivo da Etapa 2, conforme Anexo I – Projeto Básico. 

Data: 16/07//2013 
Horário: 09h30min 
Local: Auditório do Núcleo de Limpeza Sul, Av. das Nações S/N - Brasília/DF

Fonte: SLU

Projeto Esplanada Sustentável em implantação no FNDE


Em entrevista à Assessoria de Comunicação (Ascom), a diretora de Administração, Leilane Mendes Barradas, fala da adesão do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação -FNDE ao Projeto Esplanada Sustentável, do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG). Criado em 2010, o projeto tem por finalidade promover a sustentabilidade ambiental e socioeconômica na Administração Pública Federal. Inicialmente a adesão era voluntária e agora, em 2013, passou a ser obrigatória a todos os órgãos. 

O projeto estabelece onze tipos de medidas que os órgãos deverão cumprir para alcançar a meta de economia de 10% em relação ao ano anterior. Segundo Leilane, a expectativa é que esse número seja batido no FNDE e até superado em alguns dos onze itens elencados no projeto, mas apenas no final do ano é que “teremos elementos para mensuração”. 

7.6.13

Transformar lixo em riqueza depende primeiro do fabricante


O principal instrumento que permitiu aos países desenvolvidos ampliar de maneira significativa a reciclagem de resíduos sólidos, desde o início do milênio, é a responsabilidade ampliada do produtor (Extended Producer Responsibility, na expressão em inglês). Relatório recém-publicado pela agência ambiental europeia mostra que a quantidade de lixo incinerada ou mandada para aterros reduziu e que a reciclagem, no continente, passou de 23% a 35% dos resíduos, entre 2001 e 2010, um aumento muito considerável.

Mais que isso: a Alemanha vem conseguindo descasar a produção de riqueza da geração de lixo. Relatório do Bifa Environmental Institute mostra que, entre 2000 e 2008 (portanto, antes da crise), o PIB, em termos reais, cresceu quase dez por cento, e o volume de lixo caiu nada menos que 15%. A intensidade em lixo da vida econômica, medida decisiva para avaliar a qualidade da relação que uma sociedade mantém com seus recursos ecossistêmicos, declina mais de 22%.

Maior riqueza e menos lixo: como isso é possível?

6.6.13

BNDES apoia com R$ 21,3 milhões inclusão de catadores no DF

Projeto prevê instalar 12 centrais de triagem e capacitar 2.160 catadores. Meta é elevar renda média mensal de R$ 400 para R$ 720 em três anos


O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aprovou a concessão de apoio financeiro não reembolsável de R$ 21,3 milhões ao Distrito Federal, para promover a inclusão social e produtiva de catadores de materiais recicláveis, além de gerar benefícios ambientais, a partir da implantação de um modelo integrado de gestão de resíduos sólidos. Os recursos do Banco são provenientes do BNDES Fundo Social e correspondem a 50% do valor total a ser investido.

O projeto contempla a instalação e estruturação de 12 centrais de triagem, cada uma com um caminhão de seis toneladas para suporte logístico à operação, e a capacitação de 2.160 catadores para as operações de triagem, classificação, prensagem, comercialização e gestão dos empreendimentos coletivos. A meta é elevar a renda média mensal dos catadores de R$ 400 para R$ 720 em três anos.


As ações preveem ainda a formação de corpo técnico para apoio às cooperativas na gestão; desenvolvimento de um programa de limpeza, conservação e manutenção dos galpões de triagem; construção e equipagem de uma central de comercialização; estruturação de uma escola de formação para os catadores; e fortalecimento das cooperativas que não foram selecionadas para as centrais de triagem, com o objetivo de também inseri-las no modelo.



Das 33 cooperativas hoje existentes no DF, poucas contam com estrutura física para triagem dos resíduos coletados. Além disso, a comercialização do material para indústrias ou recicladores intermediários ainda depende de maior escala de produção e de regularidade na oferta de matéria-prima para reciclagem.

Atualmente, a coleta de lixo na capital federal é feita por uma empresa terceirizada, que recolhe cerca de 2,4 mil toneladas de resíduos domiciliares por dia. Cerca de 98% desse material é aterrado no Lixão da Estrutural. Os 2% restantes são encaminhados para reciclagem graças à atuação dos catadores.


Um processo de licitação, em andamento, selecionará de uma a quatro empresas para a coleta seletiva de recicláveis nas 32 regiões administrativas do Distrito Federal. A previsão é que sejam coletadas 412 toneladas por dia, o que corresponde a 15% do total de resíduos sólidos gerados.


Apoios anteriores – Esta é a quarta operação do tipo aprovada pelo BNDES. Além do apoio ao Distrito Federal, o Banco já contratou operações semelhantes com os municípios do Rio de Janeiro (R$ 22 milhões), Curitiba (R$ 26,3 milhões) e Porto Alegre (R$ 9 milhões).

Fonte: BNDES

29.5.13

Voluntários recolhem uma tonelada de lixo na inauguração do Mané Garrincha

O lixo produzido pelos mais de 20 mil torcedores que participaram da inauguração do Estádio Nacional de Brasília Mané Garrincha foi recolhido, separado e vendido por cooperativas, ação que será repetida em grandes eventos para diminuir impactos ambientais e gerar lucro para os catadores do DF. A iniciativa faz parte do projeto Agente de Mobilização Social para Grandes Eventos, e recolheu mais de uma tonelada de resíduos sólidos, 90% deles reaproveitados e vendidos pelas cooperativas.


Ao todo, 63 duplas, vestidas com camisetas verdes e amarelas, foram responsáveis por sensibilizar os espectadores do primeiro jogo teste, com orientações e esclarecimentos sobre a importância do processo de coleta e destinação dos resíduos ali produzidos. Essas pessoas que atuaram dentro do Estádio Nacional na inauguração também estarão presentes na abertura das Copas das Confederações e nas atividades que acontecerão no Centro de Convenções durante o período da Copa.


O projeto formará 150 duplas de catadores/alunos e totalizará 300 participantes. A expectativa é difundir entre os frequentadores do estádio e de outros grandes eventos que acontecerão no DF informações sobre a importância social e ambiental da Coleta Seletiva Solidária, além de auxiliar na promoção da inclusão social e produtiva dos cooperados.

Oportunidade
Coordenado pela Secretaria de Desenvolvimento Social e Transferência de Renda, o projeto treinou catadores de materiais recicláveis de diversas cooperativas do DF, alunos da rede pública de ensino profissionalizante e da Educação de Jovens e Adultos para atuarem como agentes de orientação ambiental. As atividades contam, ainda, com a parceria da Casa Civil, Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos e Secretaria de Educação.

Fonte: Agência Brasília / Correio Braziliense

7.5.13

Estudantes vão ensinar público a descartar lixo corretamente no estádio

Os 180 jovens da rede pública selecionados receberão R$ 120 por partida no projeto intitulado Agente de Educação Ambiental

Alunos da rede pública, em parceria com catadores de materiais recicláveis, promovem projeto de conscientização ambiental durante os jogos no Estádio Nacional Mané Garrincha. As inscrições podem ser feitas somente nesta terça-feira (7/5) no site da Secretaria de Educação do Distrito federal. Serão escolhidos 180 alunos. 

Assim como os catadores, os estudantes selecionados receberão R$ 120 por partida, para ensinar o público a descartar o lixo da forma correta. O projeto Agente de Educação Ambiental pretende valorizar o trabalho das cooperativas dos catadores, além de promover a sustentabilidade. 

Podem se inscrever jovens entre 18 a 29 anos matriculados no 2º e 3º segmentos da Educação de Jovens e Adultos, ensino médio, dos Centros de Educação Profissionais (CEPs) e do Centro de Ensino Médio Integrado do Gama. 

A capacitação dos selecionados ocorre neste sábado (11/5), das 7h30 às 17h30. Os estudantes também receberão café da manhã, almoço, lanche e vale-transporte, uniforme e certificado de participação no projeto. 

Fonte: Correio Braziliense 

7.4.13

10 mitos comuns sobre sustentabilidade nas empresas

Conheça falsos dilemas do pensamento verde que fazem com que companhias limitem suas oportunidades de crescimento por meio da sustentabilidade

Existem ações sustentáveis no lugar onde você trabalha? E você realmente sabe a que elas se referem ou prefere entender superficialmente o tema, como se ele não estivesse ligado a você?

Os ganhos obtidos pelas empresas que investiram em sustentabilidade não se resumem ao lado social e ambiental, mas também financeiro das companhias, o que representa vantagem para todos os envolvidos. 

"A sustentabilidade vai do plano individual ao macro, que é o empresarial e o social", explica Paulo Branco, coordenador do GVces - Programa Inovação na Cadeia de Valor do Centro de Estudos em Sustentabilidade da FGV-EAESP - Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas.

Porém, muitos dos assuntos abordados no âmbito corporativo são vistos de forma equivocada, transformando-se em grandes mitos. 

"O maior deles é pensar que é possível crescer de maneira contínua em um mundo que tem recursos finitos", salienta o professor. 

Pensando nisso, EXAME.com elencou os principais erros empresariais ligados a esse tema e que, muitas vezes, fazem com que boas oportunidades sejam deixadas de lado. 


Exemplos de gestão eficiente de água na agricultura, na indústria e na cidade

Reportagem: Cidades e Soluções

Assista ao vídeo: Exemplos de gestão eficiente de água na agricultura, na indústria e na cidade clique aqui

Fonte: Globo News

Dez desafios da gestão sustentável nas empresas

“Nada é permanente, exceto a mudança.” A frase há muito caiu no senso comum. Seu autor, no entanto, poucos conhecem.
Heráclito nasceu 550 anos antes de Cristo, em Éfeso, hoje Turquia, à época colônia de Atenas, na Grécia.
E talvez não seja exagero afirmar que o filósofo pré-socrático tenha sido um dos primeiros profetas da sustentabilidade.
Mudar produtos, processos, hábitos. Mudar o padrão mental e a maneira de fazer negócios. Esse é o desafio que se impõe a indivíduos e empresas em tempos de equações de complexa solução. Conciliar crescimento populacional e aumento do consumo com diminuição de recursos naturais pressupõe, portanto, enfrentar um incrível desafio de gestão.
Por onde começar, então? Há sete anos, Ideia Sustentável - empresa especializada em estratégia e inteligência em sustentabilidade e também editora desta revista – vem tentando responder a essa questão, no enfrentamento dos desafios cotidianos de consultoria, educação e gestão de conhecimento para algumas das mais importantes empresas do Brasil. Em seu trabalho, utiliza uma metodologia própria, denominada Observatório de Tendências, por meio da qual monitora cerca de 20 organizações globais produtoras de conhecimento em sustentabilidade, e que serve de base para a análise de cenários e de melhores práticas e o desenvolvimento de estratégias e políticas de sustentabilidade corporativas.
Com base nessa expertise, Ideia Sustentável identificou e selecionou dez desafios da gestão sustentável para as empresas. E dedicou-se, também, a encontrar corporações que estejam encarando de frente cada um desses desafios. Um seleto time de especialistas também foi entrevistado para analisar cada caso.



Fonte: Revista Ideia Sustentável

Empresas mais humanas, humanos mais sustentáveis

 As organizações começam a perceber que não existem empresas sustentáveis sem pessoas sustentáveis. Nesse novo cenário, os departamentos de Recursos Humanos conquistam cada vez mais espaço. E enfrentam o desafio de se atualizar constantemente diante da necessidade de incorporar e disseminar os valores da sustentabilidade no dia a dia

Na visão do sociólogo italiano Domenico De Masi, no futuro, educação, lazer e trabalho estarão no mesmo lugar, integrados. Certamente esse tempo ainda não chegou, mas alguns indícios despontam no horizonte. Essa integração, por sua vez, está fortemente ligada à sustentabilidade, valor que tem influenciado e modificado a visão das empresas e, como consequência, as contratações, escolhas corporativas e relações profissionais cotidianas.
Entre as mudanças, especialistas são quase unânimes em destacar a passagem do foco exclusivo no lucro a qualquer preço para considerar, também, a satisfação das pessoas – não mais empregados, funcionários ou “mão de obra” e, sim, meramente pessoas. Nesse novo contexto, um trabalho diferenciado dos setores de Recursos Humanos torna-se imprescindível, dos recrutamentos, passando pelo relacionamento diário, até às demissões.
“Não existem empresas sustentáveis, e sim, pessoas sustentáveis”, acredita Marisa Torres, diretora de Conteúdos do Canal Rh. O portal de internet foi lançado em 2000, já com vistas à crescente importância da comunidade de Recursos Humanos nas organizações. O que era tendência tornou-se realidade. Mas ainda há muito por fazer. “De nada adianta querer salvar o planeta e deixar as pessoas ao seu lado fadadas à infelicidade. É papel do RH promover uma reflexão interna sobre sustentabilidade, abrir espaço para discussões, criar canais legítimos para se pensar as práticas do dia a dia”, completa Marisa.
Fonte: Revista Ideia Sustentável

Entrevista Especial: Redes Digitais e Sustentabilidade


Formado e pós-graduado em Ciências Sociais pela Universidade La Sapienza de Roma,com pós-doutorado na Sorbonne, em Paris, Massimo Di Felice jamais se deu por satisfeito com as respostas que essas duas ciências eram capazes de produzir para explicar os fenômenos sociais. Entre as andanças pela América Latina e o doutorado em Comunicação na Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP) — onde é também professor —, Di Felice encontrou, nas mídias digitais, o elo fundamental para entender as enormes mudanças na relação contemporânea do homem com o meio ambiente. Mudanças que, não por coincidência, caminham paralelas ao avanço das discussões planetárias sobre sustentabilidade.

GDF destina R$ 3 milhões para implantação do Parque da Estrutural

Um dos principais programas da Secretaria do Meio Ambiente e do Instituto Brasília Ambiental (Ibram): o Brasília, Cidade Parque chega à cidade Estrutural. Secretaria de Meio Ambiente e Recursos Hídricos  (Semarh) lançou as obras do Parque da Estrutural no sábado (6/4), às 10h30, no Setor Norte quadra 02, ao lado do Centro Olímpico.
O programa tem o objetivo de implantar e revitalizar os 72 parques do Distrito Federal, de maneira sustentável e com recursos de compensação ambiental e florestal. Neste ano, cerca de R$ 100 milhões de reais estão sendo investidos nos 32 outros parques. A unidade da Estrutural vai custar R$ 3 milhões.
O local terá quadras poliesportivas, quadras de areia, Tênis, Badminton e Espirobol, Bicicletários, playground, pista de cooper e ciclovia, circuito de ginástica para terceira idade e pista de skate completa.
Está garantida toda a infraestrutura de banheiros, guaritas, quiosques, mesas e bancos, bebedouros, duchas, lixeiras e estacionamento.
Os movimentos culturais da comunidade também terão espaço dentro do parque. Serão construídos anfiteatro, espaços para educação ambiental (estufas, viveiros e hortas), um mirante e um relógio de sol. O Parque da Estrutural será cercado, iluminado e terá sinalização completa.
Planta do Parque da Estrutural
Fonte: IBRAM

Cidades de São Paulo decidem queimar lixo domiciliar

Sem espaço para aterrar o lixo que produzem, Barueri e Mogi das Cruzes, na Grande São Paulo, decidiram queimar o lixo coletado nas ruas e deixaram em alerta especialistas ambientais.

As duas cidades serão as primeiras do país a adotar a medida, que é polêmica.

Estudos internacionais apontam relação entre usinas de queima de lixo e casos de câncer detectados em moradores de suas imediações.

As prefeituras alegam que seus projetos estão sendo feitos de forma a evitar problemas ao ambiente e à saúde.

O plano mais adiantado e que deve ser concluído em três anos é o de Barueri.

A cidade montou uma parceria com uma empresa que vai importar uma tecnologia francesa. O grupo que venceu a licitação será responsável pela usina por 30 anos.

A construção da planta de incineração deve custar por volta de R$ 160 milhões --e mais R$ 44,6 milhões por ano para a usina funcionar.

"É a melhor solução possível. Não existe mais espaço para aterros. Hoje, gastamos muito com transporte de lixo. Os caminhões percorrem 30 quilômetros até o destino", diz Francisco Pugliesi, diretor de limpeza urbana da Prefeitura de Barueri.
Estimativa da prefeitura aponta para a redução de 90% do volume de lixo que vai para o aterro.

O projeto da usina, que vai queimar o lixo a 800º C, ganhou o primeiro aval da Cetesb, a agência ambiental paulista, no fim de 2012.

Segundo Pugliesi, a usina é fechada e os gases da incineração do lixo estão dentro dos padrões considerados seguros pelos órgãos ambientais.

A energia gerada com a queima do lixo deve produzir também parte da eletricidade consumida em Barueri.

PARCERIA
Também na Grande São Paulo, Mogi das Cruzes e mais cinco municípios (Salesópolis, Biritiba-Mirim, Guararema, Arujá e Suzano) montaram um projeto conjunto com características gerais semelhantes ao de Barueri.

"Nós temos um acordo inicial com a Sabesp. Ela está interessada em fazer uma usina de pirólise [tratamento de lixo com fogo] na região", afirma Marco Bertaiolli (PSD), prefeito de Mogi das Cruzes.

Para ele, o consórcio entre os seis municípios é a única saída para viabilizar o destino final de pelo menos 500 toneladas de lixo por dia.

"Mesmo que a Sabesp saia do acordo, o consórcio de municípios vai tocar a construção da usina", diz.
Bertaiolli afirma que não há mais lugar para a construção de aterros na região.

Fonte: Folha de S.Paulo

6.4.13

Manual de Avaliação da Pegada Hídrica – Estabelecendo o Padrão Global


Uma importante publicação apoiada internacionalmente por empresas, ONGs e cientistas acaba de ser lançada em português. Com financiamento e coordenação da organização ambiental The Nature Conservancy (TNC) em parceria com a Rede da Pegada Hídrica (Water Footprint Network – WFN), o “Manual de Avaliação da Pegada Hídrica – Estabelecendo o Padrão Global” traz definições e métodos para a contabilização, a avaliação da sustentabilidade e ainda auxilia a padronização global da avaliação da pegada hídrica.
O manual em português segue o esforço mundial com o objetivo de resolver o problema da escassez de água que afeta milhões de pessoas e atender a demanda ao rápido crescimento do interesse de empresas e governos em usar a contabilização da pegada hídrica como base para formular políticas e estratégias de uso sustentável da água.
Organizado em oito capítulos, o manual abrange desde os conceitos e o cálculo de pegada hídrica à avaliação de sustentabilidade e a formulação de respostas à pegada hídrica, além das limitações e desafios futuros dessa ferramenta.
O conceito de pegada hídrica
A pegada hídrica é um indicador do uso e poluição da água que considera não apenas o seu uso direto por um consumidor ou produtor, mas, também, seu uso indireto. Criado em 2002, por Arjen Y. Hoekstra, ele trata do volume de água utilizado para produzir um produto ao longo de sua cadeia produtiva. Já a avaliação da pegada hídrica é a quantificação e qualificação dessa pegada, incluindo a análise de sua sustentabilidade e as ações para neutralizá-la. Como exemplo de pegada hídrica, segundo esta metodologia, são necessários 2500 litros de água para a produção de um quilo de arroz.
Baixe o Manual completo, em português, clique aqui
Outras informações clique aqui
Fonte: Revista Sustentabilidade

Projeto de Recuperação de Áreas Degradadas da Bacia do Rio São Bartolomeu


Aliar produtividade e sustentabilidade por meio da recuperação de 500 hectares de áreas degradadas ao longo da Bacia do Rio São Bartolomeu e da produção de um milhão de mudas de espécies nativas do cerrado.  Essa é uma das principais metas do Projeto Rio São Bartolomeu Vivo (RSBV), que tem como desafio conscientizar e sensibilizar as comunidades rurais e urbanas, criando uma cultura de zelo e preservação dos recursos naturais, para garantir a preservação do Rio e das diversas formas de vida presentes em sua Bacia, como condição para garantir o desenvolvimento integrado e sustentável do território.

Com três grandes Centros de Recuperação Ambiental (CRA Viveiros do Cerrado), cada um com capacidade média de 75 mil mudas ao ano, o RSBV é autossuficiente em relação à produção de mudas nativas do cerrado. Os CRA,s funcionam também como unidades de educação ambiental, divididos por regiões: Alto, Médio e Baixo São Bartolomeu (veja o mapa), estrategicamente posicionados para facilitar o transporte até as áreas de plantio.

Outro expoente é a valorização e promoção dos potenciais culturais, turísticos e econômicos, tanto nas áreas rurais quanto nas urbanas. 

O Projeto Rio São Bartolomeu Vivo faz parte de uma estratégia de investimentos sociais da Fundação Banco do Brasil (FBB) para a região desta Bacia Hidrográfica, com o intuito de gerar trabalho e renda local, por meio da reaplicação de Tecnologias Sociais como: Barraginha, Balde Cheio, Fossas Sépticas Biodigestoras, Produção Agroecológica Integrada e Sustentável, entre outros. O RSBV é uma iniciativa da Fundação Banco do Brasil e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) executado com a parceria de organizações ambientais não-governamentais: Funatura, Ipoema, Rede Terra, Instituto Universitas e Acespa – Chico Mendes; e instituições públicas como o IFB (Instituto Federal de Brasília - Campus Planaltina) e a Polícia Militar Ambiental do DF. 

DEGRADAÇÃO E POLUIÇÃO

Atualmente, diversos pontos do Rio São Bartolomeu estão vulneráveis a novos assoreamentos devido à perda de vegetação nativa em suas margens (matas ciliares e de galeria) e desmatamentos em suas imediações, principalmente para criação de lavouras, áreas de pastagem ou urbanização. Outro problema é o despejo de esgoto não tratado e de agrotóxicos que chega ao rio por meio das chuvas, além do lixo encontrado ao longo dos seus 200 km de extensão. A combinação desses elementos resultou na contaminação da água deste rio, tornando-a desqualificada para o consumo humano. 

Conheça mais sobre o Projeto clique aqui

Fonte: Rio São Bartolomeu Vivo

Entrevista: Ocupações Irregulares no Lago Paranoá

O Lago Paranoá se estende por grande parte da capital do País. Mas o local que deveria ser de acesso público tem mais de 95% da margem ocupada por construções particulares irregulares.

O presidente da Associação Nacional dos Engenheiros Ambientais - ANEAM, Eng. Marcus Vinícius, concedeu entrevista ao Conselho Federal de Engenharia - CONFEA sobre as ocupações irregulares no Lago Paranoá, em Brasília/DF.

Assista à reportagem:


Fonte: CONFEA / ANEAM.

Confira infográfico sobre animais com hábitos noturnos do Zoo de Brasília

Lembra da clássica cena do filme Madagascar, em que o leão Alex e seus amigos curtem a noite estrelada no zoológico do Central Park, em Nova York? Agora, imagine poder espiar os hábitos dos animais em plena escuridão, quando todos os visitantes do zoo já se foram. Sem dúvidas, um passeio inusitado e curioso. Pois é desse jeito que o Jardim Zoológico de Brasília está recebendo grupos de pessoas animadas em encarar duas horas de caminhada noturna para ver de perto como os bichinhos se comportam quando — acham — não tem ninguém olhando.

Os passeios fazem parte do projeto Zoo Noturno e ocorrem todas as terças e quintas-feiras, das 19h às 21h. Para participar, é importante agendar a visita com antecedência (veja quadro). A experiência de ver os animais à noite é monitorada por dois biólogos e outros dois profissionais, que ensinam várias curiosidades. Na primeira parada para ver as antas, o biólogo José Vieira avalia: — O público que vem para o passeio adora uma aventura! Nesse horário, conseguimos ver animais desenvolvendo várias atividades. 


Acesse o infográfico interativo clique aqui

Fonte: Correio Braziliense  

30.3.13

O caminho é longo - Sustentabilidade das Empresas Brasileiras

Por Rafael Tello*

Uma grande distância separa o discurso da prática ambientalmente correta entre as empresas brasileiras. A constatação veio de pesquisa realizada pela Fundação Dom Cabral junto a 172 empresas dos mais variados portes. O estudo apontou que elas estão no que os pesquisadores consideram como sendo o segundo estágio do desenvolvimento ambiental, o que vai pouco além do cumprimento da legislação. O coordenador do estudo, Rafael Tello, aponta quais são os problemas constatados e sugere medidas para serem colocadas em prática a fim de que se passe para um novo patamar de sustentabilidade.

A promoção de um desenvolvimento sustentável no Brasil traz desafios complexos e as empresas precisam estar preparadas para lidar com eles, e com competência para gerar resultados ambientais, econômicos e sociais positivos. Estas estarão aptas a permanecer no mercado e contribuir efetivamente para o desenvolvimento sustentável.



Mas quais empresas estão, de fato, neste estágio avançado de gestão da sustentabilidade? Motivada por esses questionamentos, a pesquisa Estágio da Sustentabilidade das Empresas Brasileiras, realizada em 2012 pelo Núcleo Petrobras de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral, buscou observar o grau de preparação das empresas para atuarem de modo sustentável.

A pesquisa coletou 172 respostas de empresas de todos os portes, presentes em todo o país, por profissionais de diferentes funções. Porém, houve predominância de respostas de grandes empresas, de organizações da Região Sudeste e de diretores e gerentes como respondentes. 

Como já foi dito, a pesquisa avaliou o estágio de desenvolvimento da sustentabilidade corporativa das empresas brasileiras, e como elas estão preparadas (ou não) para atender às demandas de seus diferentes stakeholders (públicos). Os resultados nos permitiram observar as competências desenvolvidas pelas organizações para atuar conforme as premissas da sustentabilidade. Desta forma, o estudo colabora com o processo de desenvolvimento sustentável, indicando caminhos a serem trilhados pelas corporações para que possam evoluir continuamente no seu processo de aprendizado.

Na metodologia, foram definidos cinco estágios de sustentabilidade em que as empresas podem ser classificadas. O nível ideal é o cinco, no qual a sustentabilidade é o negócio da empresa e provoca a mudança no mercado. Na outra ponta, no nível primário, 1, estão as empresas que se limitam ao cumprimento da legislação. Para realizar a classificação das empresas nesses estágios, foram consideradas as seguintes dimensões de análise: conceito de sustentabilidade, intenção estratégica, liderança, estrutura, capacidade de resposta, relacionamento com stakeholders e transparência.

As dimensões mais avançadas nas empresas, segundo a pesquisa, foram o conceito de sustentabilidade adotado e a estruturação interna da sustentabilidade. O primeiro indica que, para gerar resultados positivos no médio e longo prazo, as empresas precisam levar em consideração as demandas de seus stakeholders, ao operar de forma inclusiva e com ética, buscando também diminuir seus impactos ambientais negativos. Na outra dimensão, de estruturação interna da sustentabilidade, a maioria das empresas afirma que a busca pela sustentabilidade é parte de suas políticas, planejamento estratégico e programas de capacitação. Mais de dois terços das respostas indicaram a existência de pessoas ou equipes responsáveis pelo tema.

Nas dimensões restantes, as empresas ainda se encontram em estágios inferiores, revelando que ainda é preciso avançar na incorporação da sustentabilidade em seus negócios.

A pesquisa observou, por exemplo, como as lideranças das empresas se posicionam frente à promoção da sustentabilidade, uma vez que seu apoio é fundamental para a eficácia e a eficiência das iniciativas internas direcionadas ao tema. Metade das empresas não conta com o apoio da liderança (CEO ou conselho) às suas iniciativas, o que indica que ainda há um longo caminho a ser percorrido para o pleno desenvolvimento da sustentabilidade corporativa no Brasil.

Na avaliação da estratégia das empresas frente à sustentabilidade, a pesquisa indica que ela é motivada pela possibilidade de ganhos de reputação e imagem, atendimento das expectativas dos clientes e obtenção de vantagens competitivas. Ela é executada principalmente por meio da oferta de produtos e serviços sustentáveis, especialmente visando à maior eficiência energética.

Na área da transparência, cerca de 60% das empresas já reportam suas iniciativas de sustentabilidade. No entanto, o percentual cai quando se trata de mensuração de impactos socioambientais das atividades corporativas e dos programas específicos, o que compromete a quantidade e a qualidade dos dados apontados nos seus relatórios de sustentabilidade. 

Na dimensão Capacidade de resposta, mais de 66% das empresas confirmaram ter metas e objetivos relacionados à responsabilidade ambiental, a produtos e serviços sustentáveis e à educação de colaboradores. No entanto, 51% dos respondentes não souberam indicar iniciativas priorizadas pela empresa em 2011. Os respondentes também defendem fortemente maior presença corporativa no debate público sobre temas como mudanças climáticas e desigualdade social.

Na avaliação das Relações com stakeholders, aproximadamente metade das empresas atua em parceria com clientes, ONGs e governo, indicando relações construtivas com estes stakeholders. Destacaram-se ações de apoio ao desenvolvimento das comunidades, por meio de contratação e capacitação de habitantes locais, e a oferta de seguro saúde e de capacitação para desenvolvimento profissional.

Em linhas gerais, a conclusão é de que as organizações brasileiras se encontram no segundo estágio de sustentabilidade – estágio engajado –, no qual já há a preocupação de ir além do cumprimento da legislação, buscando reduzir os impactos negativos de suas atividades e tendo no horizonte a melhoria de reputação. No entanto, ainda são muitos os dilemas, elencados a seguir, que impedem as empresas de passarem para estágios mais avançados de sustentabilidade.

Embora haja por parte das empresas o reconhecimento de que a sustentabilidade implica o desempenho em diferentes campos para diferentes atores, ainda falta equilíbrio na importância dada ao tema pelos executivos. Ao tratarmos de sustentabilidade, observamos um viés para o ambiente, comunidades vizinhas e capacitação de colaboradores. Temas relevantes, como a promoção de diversidade e remuneração, são pouco ou raramente tratados. E atores importantes, como acionistas e investidores, têm baixa relevância relativa frente a outros grupos, uma vez que o atendimento de suas necessidades ficou em 11º lugar, entre os 14 componentes do conceito de sustentabilidade. 

Vale ressaltar a clara discrepância entre o discurso e a ação de sustentabilidade das empresas. Há o entendimento do que ela representa, mas 87% dos respondentes concordam que as empresas que divulgam ações de sustentabilidade não estão realmente comprometidas com o tema. 

Outra evidência interessante se verifica nas respostas sobre a motivação para a sustentabilidade. Segundo os respondentes, atuar de forma sustentável é esperado pela sociedade (84%) e traz resultados positivos para a empresa (77%). Contudo, poucos concordam que o tema é mais importante em tempos de crise (46%) e que ele deve ser completamente voluntário (31%). 

Apesar de as empresas apresentarem objetivos corporativos de sustentabilidade e possuírem profissionais para cuidarem do tema, ainda são incipientes as metas para equipes e profissionais. Sem o desdobramento adequado dos objetivos corporativos para os colaboradores não há engajamento, nem compromisso, nem motivação. Isso pode levar à situação na qual a única pessoa responsabilizada por mau desempenho é justamente o profissional da sustentabilidade, sem questionamento de quanto apoio interno ele teve.

A pesquisa mostra que por essas razões, apesar de o país contar com referências mundiais em sustentabilidade, na média, as empresas ainda se encontram em um estágio imediatamente superior à simples busca por cumprimento da legislação.  As empresas chegaram nesse segundo estágio devido à pressão da sociedade e de governos, à existência de empresas que são referência em sustentabilidade no mercado e devido aos profissionais conscientes nas organizações sobre a importância do tema.

Os principais desafios para o avanço da sustentabilidade, apontados na pesquisa, são a maior integração entre ações internas, melhor atendimento das demandas socioambientais e integração do tema na estratégia corporativa. Para superar os desafios, as empresas devem investir em gestão, coordenar ações e alinhá-las ao negócio.

Para terem apoio da liderança, as iniciativas de sustentabilidade precisam gerar resultados econômicos, de preferência com taxas de retorno superiores às de investimentos em outras áreas. Para engajamento e integração dos profissionais frente à sustentabilidade, é preciso que os objetivos corporativos sejam desdobrados para as diferentes áreas, com definição de prioridades conforme capacidade de contribuição para o resultado corporativo.

Se a sustentabilidade for vista como potencial fonte de vantagens competitivas e sua gestão for profissional, as empresas tendem a alcançar estágios mais avançados de sustentabilidade. Neles, terão maior capacidade de desenvolver produtos, serviços e até modelos de negócio, ganhando competitividade e competência para a superação dos desafios cada vez mais complexos enfrentados por nossa sociedade.

Acesse o Relatório completo: "Estágio da Sustentabilidade das Empresas Brasileiras 2012" clique aqui

*Rafael Tello é professor e pesquisador do Núcleo de Sustentabilidade da Fundação Dom Cabral. Colaboraram neste artigo Lucas Amaral Lauriano e Eduarda Carvalhaes, também responsáveis pela pesquisa Estágio da Sustentabilidade das Empresas Brasileiras

Fonte: Estado de Minas

Sustentabilidade no Brasil: um enigma confuso

Embora os brasileiros demonstrem preocupação com os problemas ambientais, a consciência permanece divorciada da ação positiva


O Brasil tem recebido uma atenção regular dos noticiários internacionais. Ultimamente, as coberturas jornalísticas abordam desde as festas de Carnaval até a resiliência da nossa economia em meio à recessão global (o país é, agora, a sexta maior economia do mundo, tendo ultrapassado o Reino Unido). Além disso, a Copa de 2014 e as Olimpíadas de 2016 serão eventos sediados no Brasil, divulgando ainda mais a sua imagem positivamente.
Da mesma forma, as conquistas recentes do Brasil nas esferas da sustentabilidade parecem reforçar uma boa reputação. Afinal, aqui impulsionaram-se expectativas mundiais de responsabilidade social e ambiental há 20 anos, na Conferência das Nações Unidas, a ECO-92, e conseguiu-se evitar que a Rio+20 fosse um fracasso completo. A nação também pode se gabar de ter a matriz energética mais limpa do planeta e ser um dos poucos países a chegar perto de cumprir com as metas de emissões de GEE acordadas na COP-15. É o local de nascimento de empresas vencedoras de prêmios daGlobal Reporting Iniciative (GRI), ano após ano, e o lugar onde os cidadãos não foram tão afetados pela onda de ceticismo acerca das alterações climáticas que assombra o mundo todo, segundo demonstram as pesquisas.
Então, poderão os brasileiros ensinar ao mundo o caminho para um futuro brilhantemente sustentável?
Pesquisas de opinião pública, realizadas ao longo da última década pela Market Analysis e pelo Ministério do Meio Ambiente, revelam tanto certezas como paradoxos. Os brasileiros lideram em preocupação com questões ambientais; mais de 90% dos entrevistados percebem poluição do ar, alterações climáticas, perda de biodiversidade ou da disponibilidade de água como problemas muito graves – pelo menos 30 pontos percentuais a mais do que a média internacional. O alto nível de consciência traduz-se em uma maioria que coloca a importância da proteção ambiental acima do crescimento econômico, assim como o entusiasmo para participar de programas de reciclagem de lixo doméstico, se lhes fosse dada a chance. Essa conscientização também direciona um nível recorde de interesse em sustentabilidade empresarial, para além de 70% das empresas, desde que começamos a mapeá-lo em 2002. Fato igualmente relevante é que um a cada dois adultos admite estar disposto a pagar um pouco mais por um produto ético.
No entanto, quando se trata das condutas dos consumidores pela sustentabilidade, os resultados são surpreendentes. Ações pelo consumo ético como, por exemplo, boicotes ou recompensas para marcas e produtos, em função da atuação sustentável destes, são realizadas por menos de um quinto deles.  Sete em cada 10 adultos misturam pilhas e lixo eletrônico com o lixo residencial. E uma esmagadora maioria continua utilizando as sacolas plásticas não biodegradáveis ao fazer compras nos supermercados. O que é que faz com que os brasileiros sejam líderes em intenção, mas retardatários em um comportamento verde?
De acordo com o GIFE (Grupo de Institutos, Fundações e Empresas), a maior rede brasileira de investidores sociais, os investimentos empresariais em projetos sociais e ambientais ultrapassaram os R$ 2,5 bilhões (cerca de US$1,3 bilhão), em 2012. Esse número equivale aos investimentos de vários estados em inclusão social, desenvolvimento comunitário e proteção ambiental. Em uma pesquisa com 400 empresas, mais da metade delas já tem um departamento para supervisão de políticas sustentáveis ​​e, em média, 3% de suas receitas são alocadas para programas socioambientais. A quantidade de relatórios de sustentabilidade corporativa publicados é 11 vezes maior do que em 2000, e o Brasil aparece, agora, em quarto lugar no ranking da GRI. A mídia impressa seguiu esse boom, aumentando em nove vezes as coberturas sobre a agenda de sustentabilidade nos últimos 13 anos.
Em outras palavras, essas questões entraram na linguagem cotidiana no Brasil e, diferentemente dos outros países da América Latina, aqui se pode encontrar um contexto tremendamente estimulante para se introduzir a sustentabilidade na agenda pública.
Mas a atenção e as atitudes positivas para com a sustentabilidade vêm sendo ofuscadas por dificuldades de longa data. A reciclagem permanece prejudicada pelo fato de que menos de um terço dos 5.565 municípios brasileiros promovem a coleta seletiva do lixo. O Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária (Conar) criou um código específico para o greenwashing, proibindo a chamada propaganda enganosa. Com uma renda per capita média anual ligeiramente superior a U$10.000 dólares, torna-se difícil suportar os preços premiumda maioria das escolhas ​​e estilos de vida sustentáveis. E, além de tudo isso, a oportunidade de consumo que antes estava contida para os quase 42 milhões de brasileiros que migraram para a nova classe média, nos últimos anos, não representa uma boa base para o consumo responsável.
Quando perguntados sobre quem é responsável pela degradação socioambiental, os brasileiros culpam o governo; sobre quem deve liderar tal responsabilidade, aponta-se para o governo, mais uma vez – o mesmo que, desde o início de 2011, vem incentivando o desmatamento e a poluição por meio da construção de megabarragens na Amazônia, uma corrida pelo petróleo nas camadas oceânicas do pré-sal em detrimento da indústria de biocombustíveis, e oferece redução de impostos para a indústria automobilística sem considerar as compensações de emissões. O mesmo governo, no entanto, que nos dois últimos anos lançou uma aprimorada regulamentação para os resíduos sólidos e tem feito esforços junto ao setor privado para conter a extração ilegal de madeira, bem como o comércio de carne e soja provenientes de áreas desmatadas. De alguma forma, a aparente falta de direção dos políticos e a inércia da maioria das pessoas, em última análise, condensam o dilema da sustentabilidade na sociedade brasileira.
Assim, o que a opinião pública no Brasil pode nos ensinar sobre a reação das pessoas numa agenda desafiadora para a sustentabilidade? Ela nos diz que, a fim de mobilizar consumidores e cidadãos, é preciso ir além ao destacarmos a gravidade de um problema. Isso demonstra que conscientização e atenção à sustentabilidade podem perfeitamente estar divorciadas de uma ação verdadeiramente sustentável e que, embora a liderança empresarial e social seja extremamente positiva, não representa condição suficiente para ajudar a sociedade a cumprir com o discurso – o walk the talk – da sustentabilidade. Brasileiros, como a maioria dos cidadãos de todo o mundo, têm um longo e sinuoso caminho pela frente para encontrar uma prosperidade sustentável.
Fabián Echegaray é diretor-geral da Market Analysis, instituto de pesquisa especializado em sustentabilidade e responsabilidade social corporativa, e articulista da revista Ideia Sustentável.
Fonte: The Guardian / Ideia Sustentável

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