7.10.09

Presidente do Ibram é entrevistado para o Dossiê do Cerrado

Revista Darcy Ribeiro publica Dossiê do Cerrado

O Instituto Brasília Ambiental foi criado em maio de 2007 para implantar as políticas ambientais do Governo do Distrito Federal e fiscalizar, inclusive com
poder de polícia, atividades que agridem a natureza. Na entrevista abaixo, o presidente do Instituto, Gustavo Souto Maior, que também é pesquisador da UnB, reconhece que as unidades de conservação já não conseguem mais proteger a fauna nativa do DF e que mudanças nesse cenário são “muito complicadas”.

Qual é a situação das unidades de conservação no DF?
Gustavo – Não é boa. As unidades de Conservação para uso sustentável têm problemas sérios que colocam em xeque a existência dessas unidades. As que ainda estão mais ou menos protegidas, como a estação ecológica de Águas Emendadas e o Parque Nacional de Brasília, estão asfixiadas pela urbanização. São ilhas cercadas de problemas por todos os lados. Nosso grande desafio é tentar manter de uma forma adequada essas unidades que ainda sobrevivem razoavelmente. Senão, daqui a 10 ou 15 anos não teremos nenhuma delas para contar história, tudo vai virar expansão urbana.

O Ibram ou outros órgãos ambientais já entraram com alguma ação contra as ameaças que são próximas às unidades?
Gustavo – O Ibram é muito novo. Além disso, hoje não é mais possível fazer essa fiscalização. Isso deveria ter sido feito no início das ocupações. O que pode ser feito agora é tentar minimizar os impactos que as áreas ao redor podem causar. Urbanizando adequadamente, ter um sistema de esgoto, lixo, drenagem, etc.

Como os problemas ao redor das unidades de conservação chegaram a esse ponto sem que ninguém tenha feito nada?
Gustavo – O primeiro motivo é que a questão ambiental não é prioridade em nenhum governo e nem para a sociedade. Usando o exemplo da Estrutural, ela não surgiu da noite pro dia com sete mil unidades imobiliárias e 40 mil pessoas morando. A Estrutural aconteceu nas barbas de todos nós e hoje em dia é uma situação irreversível.

E o lixão da Estrutural? É outro problema que só diz respeito ao governo?
Gustavo – Eu pergunto: quantas vezes o órgão gestor do Parque Nacional autuou o GDF por causa do lixão nesses 30 anos? Nenhuma. mantiveram aquilo lá, foram levando. E sempre com o argumento de não ter aonde colocar o lixo. Esse argumento não pode ser usado eternamente.

Quais serão as medidas para tentar permitir a conectividade entre as unidades de conservação?
Gustavo – Existe uma determinação legal que prevê a regularização dos condomínios irregulares e determina a criação de corredores ecológicos entre as unidades de conservação. A nossa grande dificuldade é que, onde poderia passar um corredor ecológico, já está tudo urbanizado.

Como fazer um corredor ecológico entre o parque nacional de Brasília e a área de proteção ambiental Gama cabeça de veado?
Gustavo – Nesse caminho tem o Guará, Candangolândia e Plano Piloto. Fazer essa conexão não é muito fácil hoje em dia. É muito complicado, mas é possível.

Leia o
Dossiê completo "Cerrado Serrado: A agonia de um gigante", publicado pela revista Darcy Ribeiro/UnB - out/2009 clique aqui

Fonte:
Revista Darcy Ribeiro - UnB / Ibram

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