1.7.16

DF não cumpre metas da Política Nacional dos Resíduos Sólidos, diz estudo

Aparentemente, as ruas da capital federal são limpas. Entretanto, o Lixão da Estrutural, distante 15km do Plano Piloto, ainda é uma questão a ser resolvida pelo Executivo local. Levantamento inédito do Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana do Estado de São Paulo (Selur) mapeou o cumprimento das recomendações da Política Nacional dos Resíduos Sólidos (PNRS). O Distrito Federal recebeu classificação C — marca considerada ruim. Com o descarte correto, no aterro sanitário em Samambaia, o DF estaria entre as 10 melhores cidades com mais de 250 mil habitantes do Brasil. O Serviço de Limpeza Urbana (SLU) garante estar passando por modernização.


Para que uma cidade tenha um bom desempenho, foi analisada a conjuntura da limpeza urbana. Atualmente, o Índice de Sustentabilidade da Limpeza Urbana (ISLU) do DF é de 0,643. Se os dejetos dos mais de 2,9 milhões de habitantes fossem destinados e tratados corretamente, o número aumentaria para 0,717. A avaliação varia de zero a um ponto. Quanto mais próximo do valor máximo, melhor a conservação. O impacto ambiental da desativação do Lixão da Estrutural levaria o DF para a classificação B do ISLU.

Outro dilema apontado na pesquisa é o baixo nível de recuperação de materiais recicláveis. Apenas 1,29% dos materiais que poderiam ser reaproveitados são recolocados na cadeia de reutilização — esse é o 13º pior nível do país. A média nacional é de 4,08% de reaproveitamento. A melhor marca é a do Paraná, com 8,9%.

De acordo com o Serviço de Limpeza Urbana (SLU), diariamente o brasiliense produz mais de 9 mil toneladas de lixo. Nas últimas cinco décadas, mais de 30 milhões de toneladas foram depositadas sem qualquer tipo de tratamento no Lixão da Estrutural. A intensão é inaugurar o aterro sanitário de Samambaia ainda no segundo semestre. O espaço tem vida útil de 13 anos e capacidade para receber 8 milhões de toneladas de lixo. A sobrevida pode ser ampliada, com a implantação de iniciativas de coleta seletiva no DF. O relatório do Selur aponta que 33% dos problemas de saúde pública e relacionados ao meio ambiente estão diretamente atrelados aos lixões, classificados como ilhas de poluição.

“O grande problema é manter mais de 2 mil catadores trabalhado no local. Essa é uma chaga no coração do país, com uma realidade insólita. Ou Brasília acerta o foco a partir de agora, ou cada vez mais o problema mais ficar sem solução”, criticou Ariovaldo Caodaglio, presidente do Selur. O Lixão da Estrutural é o segundo maior do planeta. Fica atrás somente do localizado em Jacarta, na Indonésia.

Planejamento
Carlos Rossin, coordenador do estudo e diretor de soluções em sustentabilidade de uma empresa de consultoria multinacional, acredita que falta musculatura no desenvolvimento de metas, no planejamento de ações e políticas públicas, além de educação para o meio ambiente. “As pessoas não sabem quanto custa fazer limpeza urbana. Basta colocar o lixo para fora e esperar que ele desapareça”, ponderou. Políticas educacionais para o meio ambiente são diretrizes primordiais para o avanço da sustentabilidade. “A criança que aprendeu práticas ambientais na escola hoje é pai e dissemina essas experiências. Os fatores comportamentais influenciam grandemente na limpeza urbana de um município.”

A análise do Selur gerou dados de 1.721 municípios do universo de 5 mil cidades no Brasil. A base de pesquisa é o Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento. Ancorado no baixo desempenho da limpeza urbana, Ariovaldo elencou três desafios: manter bons níveis de saúde pública, qualidade de vida e questões ambientais. “Limpeza urbana é intimamente ligada a doenças infecciosas, como a dengue. A condição humana de sobrevivência não será mais possível se o meio ambiente continuar sofrendo uma carga altíssima de poluição. Estamos caminhando a passos muito lentos.”

No decorrer do último ano, os especialistas avaliaram a situação da limpeza urbana das cidades. Entre os 10 municípios mais bem classificados, todos são do Sul. A marca é atribuída aos programas de reciclagem e às políticas governamentais, que impedem o funcionamento de lixões.

Fonte: Correio Braziliense

Nenhum comentário:

LinkWithin

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...