13.6.12

Maior lixão da capital concentra casos de trabalho infantil no DF


O Lixão da Estrutural, principal depósito de resíduos de Brasília, é um dos locais com maior concentração de exploração do trabalho de crianças e adolescentes no Distrito Federal. A constatação foi feita por auditores fiscais do Ministério do Trabalho durante operação de fiscalização.

No local, a apenas 15 km da região central da capital, foram flagradas, na semana passada, sete crianças nessa situação. Um grupo de meninos e meninas fugiu quando percebeu a chegada dos fiscais.

Com aproximadamente 10 km² de área, o depósito recebe mais de 2 mil t de lixo por dia, praticamente tudo o que a população de Brasília joga fora. O terreno público onde está o lixão é usado pela Superintendência de Limpeza Urbana (SLU-DF), serviço a cargo do governo. A administração do local e a separação do lixo, entretanto, são terceirizadas e feitas atualmente pela Quebec Ambiental, que deveria ser responsável por não permitir a entrada ou o trabalho de crianças no depósito.

A empresa foi autuada pelo ministério devido à constatação de trabalho infantil. Em casos de flagrante, os auditores preenchem uma ficha de identificação com os dados da criança e a enviam para o conselho tutelar que entra em contato com os responsáveis para determinar o afastamento do menor do local.

A Quebec admitiu que há menores no lixão, mas argumentou que toma todas as medidas cabíveis. A empresa disse que mantém seguranças no local para evitar a entrada dos jovens, assim como oferece serviço de assistência social para casos em que seja constatado trabalho infantojuvenil.
De acordo com os fiscais do trabalho, a Quebec mantém no terreno um campo de futebol que atrai as crianças e funciona como argumento para que elas sejam autorizadas a entrar no lixão, quando, na verdade, vão para trabalhar. O que os menores catam é revendido a empresas de reciclagem.

Os menores são levados ao lixão, na maior parte das vezes, pelos próprios parentes - pais, avós, tios, irmãos -, com a justificativa de necessidade ou falta de alternativas. "Eu trago porque ele é desobediente, me dá trabalho. Ele vem para não ficar na rua, que tem muito vagabundo. Senão é impossível", justificou a mãe de um adolescente de 15 anos que foi encontrado trabalhando no local, Maria Santana.

Segundo Lourdes Zenaro, coordenadora de combate ao trabalho infantil no DF, a maioria dos menores é menino e a idade média é 14 anos. Eles ganham cerca de R$ 600 por mês. O dinheiro serve para complementar a renda da família ou para comprar o que os pais não podem dar.

"Uso o dinheiro para comprar bicicleta, computador, celular, videogame. É bom porque ganho o dinheiro, é ruim porque fico cansado. Mas quero começar a estudar direito. Eu quero servir o Exército, se me aceitarem", disse L.R., 14 anos, que ganha cerca de R$ 500 por mês revendendo o que encontra no lixão. Ele está no 5º ano do ensino fundamental e foi reprovado três vezes.

No DF, apenas três auditores de trabalho infantil são responsáveis pela fiscalização da região e de mais 13 municípios de Goiás e do Tocantins.

Fonte: Agência Brasil / Terra

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