7.7.09

Educação ambiental para alunos especiais no Gama/DF

Em lugar do lápis, equipamento de jardinagem. A terra e a água assumem a posição dos cadernos e livros, durante alguns instantes. As cadeiras de sala de aula são substituídas pelo gramado e a paisagem mostra o que há além das paredes de concreto. É nesse cenário rico em natureza que os alunos do Centro de Ensino Especial 1 do Gama passam pelo menos duas manhãs ou tardes por semana. As crianças e adolescentes entram no colégio com um sorriso estampado no rosto. A empolgação tem um motivo: o programa de educação ambiental Um meio muito especial.

Nele, 300 jovens com necessidades especiais aprendem a reaproveitar o lixo, a cultivar hortas e a utilizar o poder de cura das plantas. Os estudantes recebem o lixo seco enviado por empresas e pela comunidade. Tudo começa com a coleta seletiva. Meninos e meninas separam o papel branco do papelão e garrafas pet de tudo mais que pode ser vendido. Toda semana, eles comercializam em torno de 70kg a 120kg de objetos reaproveitáveis. A escola compra sementes e mudas para a germinação de árvores, com o dinheiro obtido na coleta seletiva.

O alimento vai para a cantina e vira merenda. A turma leva folhas de couve, punhados de tomilho, salsa, coentro, abóboras, entre outros, para casa. O adubo também é produzido dentro do colégio, por meio de compostagem. Um minhocário produzia húmus, um tipo de fertilizante, mas, desde o final do ano passado, ele está desativado por falta de recursos.

A ideia do projeto surgiu à época da criação da escola, em 1992. Os professores agregam novas atividades a cada ano. A horta de plantas medicinais, idealizada pelo especialista em ciências agrícolas Fernando César Ferreira, é um exemplo da evolução do programa. Tem carqueja, poejo, babosa, capim-limão e uma infinidade de vegetais que podem ser transformados em remédios. “A pomada de babosa feita aqui é conhecida como pomada milagrosa e entrou em um livro de medicina alternativa de Petrolina (PE). É um ótimo cicatrizante. Temos também o xarope de guaco, para gripe”, explica Fernando César.

Bruno Rodrigues, 20 anos, apresenta a área, orgulhoso da produção. “Tá vendo isso aqui? Eu plantei, aguei e fiz nascer. Ficou muito bonito e é uma beleza na hora do lanche”, diz. Os professores sabem da importância das aulas ao ar livre. “Para eles, o que nasce aqui é um troféu. Um jeito de mostrar à sociedade a capacidade deles de fazer tudo que quiserem”, relata o professor Washington Luiz Campos.

O educador Sebastião Andrade reconhece a mudança na vida dos jovens especiais. “Muitas mães nem saem de casa com essas crianças. O Felipe, por exemplo, tem deficiência mental e síndrome de Down. A mãe o jogou no lixão quando soube dos problemas. Uma mulher o achou e pegou para criar. De certa forma, estar aqui mostra a ele que nada é impossível. Na horta, ele se relaciona melhor com o mundo, com o meio ambiente”, finaliza Sebastião.

Fonte: Correio Braziliense

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