24.3.10

Shopping Iguatemi deixa passivo ambiental no DF

Uma montanha de terra, correspondente à escavação de uma área de 33 mil metros quadrados no Lago Norte, está abandonada há dois anos na região vizinha mais pobre, o Paranoá. Trata-se de um depósito esquecido pelo Poder Público em frente ao Estádio JK sem qualquer providência para evitar danos ambientais. O entulho foi levado da construção de um prédio luxuoso, cuja inauguração, prevista para a próxima terça-feira, é aguardada com entusiasmo pela classes média e alta do Distrito Federal: o Shopping Iguatemi, uma parceria empresarial das organizações Paulo Octávio e Carlos Jereissati.

Com autorização da Administração Regional do Paranoá, a Paulo Octávio, construtora responsável pela obra, deslocou para a cidade a 12 quilômetros de distância toda a terra retirada do local onde foi erguido o shopping, empreendimento com 200 lojas distribuídas em dois pisos, além de dois subsolos de garagem. Foram viagens de cerca de mil caminhões de terra, um volume estimado em 10 mil metros cúbicos de entulho. Tudo ocorreu com a autorização do ex-administrador do Paranoá, Sérgio Damaceno – nomeado em ato do então governador José Roberto Arruda (sem partido) – mas sem o devido aval do órgão ambiental, o Instituto de Meio Ambiente do Distrito Federal (Ibram).

O Ibram não foi consultado, mas não teria autorizado, caso o órgão tivesse sido informado previamente do empreendimento. A montanha de terra, segundo o superintendente de licenciamento e fiscalização do Ibram, Eduardo Henrique Reis, provoca riscos de assoreamento do Lago Paranoá, graças à possibildidade de carreamento dos resíduos da construção pelas chuvas. Também há perigo de contaminação de nascentes do Paranoá e da qualidade da água. “Há erro da origem e da administração. O empreendedor não pode despejar resíduos onde quiser e a administração regional autorizar sem prévia anuência do Ibram”, disse Reis. “O único lugar onde se pode jogar resíduos é no aterro sanitário do Jóquei (Clube)”, acrescentou.

Notificação
O Ibram chegou a notificar a Administração Regional do Paranoá em fevereiro de 2009. O instituto pediu estudos de engenharia para a recuperação da área onde já estava depositada a terra. Uma das exigências é que fosse providenciado um projeto de drenagem pluvial, justamente para evitar o carreamento do entulho. O problema é alvo de uma investigação da Delegacia de Meio Ambiente do DF. Mas nenhuma medida prática foi adotada desde então. Na justificativa para a falta de ações, o atual administrador regional, Artur Nogueira, joga a responsabilidade para seu antecessor, Sérgio Damaceno que, por sua vez, culpa o sucessor. Pelo menos, numa coisa os dois concordam: a situação é totalmente irregular.

Fonte: Correio Braziliense

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