6.2.09

Tartarugas dominam o Parque Olhos D’Água

Parque Olhos D'Água - Animais abandonados causam desequilíbrio
A Lagoa do Sapo, que fica no Parque Olhos D’Água, na Quadra 214 - Asa Norte - Brasília/DF, virou uma área de disputa territorial. Todos os dias, às 16h, a hora da alimentação dos animais se transforma numa guerra entre peixes, patos e tartarugas. O desequilíbrio ecológico tomou conta do lugar e uma superpopulação de tartarugas, de espécies não-nativas, invadiu o espelho d’água após terem sido abandonadas por seus donos.
O administrador do Parque Olhos D’Água, Ezequias Vasconcelos, disse que o aumento no número de animais ocorre em ritmo acelerado. Em um ano, a população de tartarugas cresceu 60%. Ele denuncia que também já foram descartados outros animais no local. Entre eles, seis coelhos, dez galinhas garnizé, um galo e um casal de patos.
"A falta de informação é tanta que as pessoas não têm noção do mal que estão causando. Muitos bichos não conseguem sobreviver, como é o caso de jabutis que já foram encontrados mortos depois de terem sido abandonados", conta Vasconcelos.
No caso das tartarugas não nativas, das espécies americana e canadense, a situação ganha proporções ainda maiores porque a lagoa tem uma interligação com o Lago Paranoá e os animais acabam migrando para outras águas. As tartarugas não têm predadores nesse ecossistema e, por isso, o problema já é considerado uma praga, segundo a bióloga Marcela Brasil, do Laboratório de Herpetologia da Universidade de Brasília.
Ela relata que os animais já chegaram a locais como o Iate Clube de Brasília, no Setor de Clubes Norte. "O pier perto do restaurante fica infestado de tartarugas dessas espécies e as pessoas alimentam os animais, fazendo com que eles permaneçam ali", diz Marcela. A melhor forma de combater o problema é aumentar a fiscalização para extinguir a venda ilegal de espécies em feiras e mercados.
"No Brasil, a venda de tartarugas é proibida, mas elas ainda são comercializadas em feiras por até R$ 10. Infelizmente, as pessoas não pedem certificado de legalidade nem de origem do animal", comenta a bióloga. O administrador falou que o problema já foi comunicado ao Ibama, por meio do Instituto Brasília Ambiental (Ibram). Os funcionários do Núcleo de Fauna do Ibama-DF disseram que ainda não foram informados oficialmente. Assim que chegar a solicitação a situação será monitorada por técnicos do órgão.
"As tartarugas das duas espécies são competidoras e agressivas naturalmente. Elas levam vantagem e atrapalham a alimentação e reprodução de outras espécies", diz Marcela. Como a maioria foi criada em cativeiro, ficou acostumada com ração e, por isso, disputa a comida com carpas, tilápias e lambaris. "As tartarugas são dominantes e impedem os peixes de se alimentar", destaca o administrador do parque.

Dicas para uma boa convivência
  • Não solte, nem abandone animais em parques e matagais. A maioria das espécies criadas em cativeiro não consegue sobreviver no habitat natural.
  • Não alimente os animais com restos de comida, mesmo que sejam verduras e legumes. Existe alimentação balanceada e ração específica para cada espécie.
  • Evite o contato direto com os animais que ficam soltos pelos parques. Eles podem ser transmissores de zoonoses e outras doenças.
  • Se tiver interesse em doar animais, procure a orientação do Núcleo de Fauna da Superintendência do Ibama no DF, pelo telefone 3034-5262.

Espécies do Parque Olhos D´Água

  • Capivara (Hydrochoerus hydrochaeris) - É o maior roedor vegetariano do mundo e vive perto de rios e lagos. Alimenta-se de capins e ervas. Pode pesar até 80 quilos. É protegida por lei e a caça é proibida.
  • Saruê (Didelphis aurita) - Também conhecido como gambá-de-orelha-preta. Pode atingir de 60 a 90 centímetros de comprimento e pesar até 1,6 quilo. Come insetos, larvas, frutas, pequenos roedores, ovos e cobras. Possui uma glândula que exala odor desagradável na região do ânus.
  • Tatu (Dasypodidae) - Mamífero que se alimenta de insetos e contribui para o equilíbrio de populações de formigas e cupins. Habita cerrados, matas ciliares, e florestas secas.
  • Cobra de duas cabeças (Amphisbaena vermicularis) - Na Biologia é chamada de anfisbênio. É um réptil não-peçonhento que tem o corpo alongado, formado por anéis e coberto por escamas. Parece uma cobra, mas não é. É um importante agente ecológico, pois promove a aeração do solo e o torna fértil.
  • Vários tipos de pássaros, entre eles, urubude- cabeça-preta (Coragyps atratus), gavião-de-cauda-curta (Buteo brachyurus), bemte- vi (Pitangus sulphuratus), suiriri (Tyrannus melancholicus ), risadinha (Camptostoma obsoletum), sabiás (Turdus spp), pombas (Columba spp e Columbina spp).
Fonte: Jornal de Brasília / Ibram

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