10.1.09

Empresa de laticínios polui leito d’água no DF

Pela segunda vez em menos de dois anos, a Laticínios Araguaia enfrenta problemas com órgãos ambientais por danos ao Córrego Monjolo, na área rural do Recanto das Emas. Ontem, a fábrica recebeu ordem do Instituto Brasília Ambiental (Ibram) para acabar com os despejos de substâncias orgânicas e químicas no leito d’água imediatamente. No fim da tarde, porém, o Correio flagrou que dejetos da produção de leite da empresa corriam livremente no lugar. Em 2006, a Araguaia recebeu multa de R$ 35 mil e foi interditada por danos ambientais que mataram centenas de peixes e deixaram a água inutilizável. Moradores reclamam do mau cheiro e da falta de fiscalização.

A fábrica funciona há 10 anos na região. Segundo relatos de chacareiros, desde então o córrego recebe os restos da produção de 15 mil litros de leite por dia. O engenheiro florestal do Ibram, Waltercy dos Santos, contou que, até 2006, a fábrica não contava com plano para dar fim aos dejetos da produção. “Ia tudo para o córrego. Nós exigimos a adequação de forma a não prejudicar o meio ambiente”, lembrou o fiscal. No entanto, por meio de uma denúncia anônima, a equipe do Ibram constatou que o despejo irregular continuou na Araguaia. “A empresa tem 30 dias para tomar as providências necessárias para que o soro, a gordura e os produtos químicos não cheguem ao leito d’água. Caso não cumpra, será fechada”, alertou o fiscal.

Antes de chegar às águas do Monjolo, os restos da produção do leite passam por três tanques de separação da gordura e por três lagoas de decantação para que os dejetos sólidos fiquem no fundo do poço. Dali, segundo especialistas, o material deveria ser bombeado e lançado no pasto, onde agiria como adubo. No entanto, na Araguaia Laticínios, a porção final do processo escorria por canos até o leito d’água. O dono da empresa, Cláudio Roberto de Toledo, 60 anos, admitiu a falha. “Vamos procurar técnicos para fazer da forma correta”, garantiu.

A cor esbranquiçada da água que corre atrás da chácara onde o caseiro Décio Rabelo, 53, vive com a família revela a presença de poluentes no córrego, localizado no Núcleo Rural Monjolo. O mau cheiro incomoda, e o lodo branco que se acumula nas paredes do riacho impede o uso do líquido. “Há oito anos, a água era limpa. Hoje, dá nojo”, lamentou Décio.

Fonte: Correio Braziliense

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